sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ode ao entorpecimento #2

Antes de dar início a esta ode gostaria de agradecer a quem leu, comentou, a minha primeira crónica na Cosmos. Todas as opiniões serão usadas para refletir sobre como irei abordar neste espaço, pois este pertence-vos. Gostaria que me dessem sugestão de temas que gostariam de ver abordados nesta crónica de crítica social.
Hoje, como já tinha anunciado, vou abordar um tema que irá contra a minha ideologia pessoal, mas, sinto que este assunto não poderia passar em branco. Sendo assim irei abrir uma exceção e utilizar a minha experiência pessoal para refletir. O único risco: poderá conter uma relativa falta de isenção, mas qual ser humano é isento?
Este episódio passou-se durante o fim de semana, em que eu estaria a fazer uma longa e entediante viagem, de volta ao poço de vácuo temporal, que eu gosto de apelidar de casa. Porém o que mais surpreendeu, é que este vácuo estaria a aumentar. Eu vivo numa zona rural, fortemente envelhecida, onde o Salazar ainda é o super herói de infância de muitos, quem poderá criticar? Um senhor lança o mecanismo mais forte de propaganda da história de Portugal, tendo em conta que estavamos a lidar com uma população pouco escolarizada e informada, é muito natural que cada sílaba proferida por aquele senhor caísse no cérebro dos indivíduos como uma prece ao desenvolvimento, á justiça, á igualdade.
Porém na minha profunda ingenuidade, que eu pensara que estaria ultrapassada, eu afirmaria, á duas semana atrás, que todos os indivíduos dariam primazia á liberdade de expressão acima de qualquer outro valor. Esqueci-me que estamos em Portugal.
Tradição, pátria e família - São valores que, como um polvo, se agarraram aos Portugueses. Todos os dias falo de crise de valores tradicionais, olho á minha volta e sou levado a perguntar “Qual crise ?”
Sorrimos ao sermos espezinhados, tudo porque temos que respeitar a ordem e a autoridade, pois quem somos nós para as questionar? O problema do país são os jovens, os benificiários dos rendimentos sociais. Sendo esses a corja da sociedade, querem condições de vida? No meu tempo só comia sopa. Querem saúde? No meu tempo não ia ao médico. Querem liberdade de expressão? No meu tempo se dissesse uma asneira era castigada pelo cinto de couro.
Sim todo este discurso, todas essas precepções, entraram a ferros no meu cérebro com uma simples frase: “é por isto que o país não vai para a frente.”
Sim esta frase foi proferida por uma senhora, sendo que já me encontro a elevar-lhe o estatuto, quando eu no seio do meu grupo lançava mais umas achas sobre certos temas fraturantes. Sou irreverente, nunca me importei com isso, eu sou assim e orgulho-me. Não vou baixar a cabeça para ser espezinhado, qual é o mal?
Possuo ideias próprias porqu^^e condenar ? Pergunto-vos, seja quem for que estiver a ler isto? É por existência de pessoas com ideias próprias que estamos estagnados? Estamos nesta situação por minha causa? Por dizer o que penso?
Deixo-vos um conselho, cuidado com as viagens de comboio, cuidado com as vossas ideias, para o português é melhor passar fome, do que aceitar ideias dispares á sua. Nós já sabemos é assim que tem que ser, manda quem pode obdece quem tem de obdecer.
Uma coisa vos garanto, nem que fragmentos do Céu caiam, nem que chovam almondegas, podem até mandar empalhar-me. Vou continuar a ser inconveniente, politicamente incorreto, pois aí é que está o cerne da reflexão.
Lembrem-se apenas que quanto mais certezas tiverem menos informações possuem, pois existem um inúmero leque de possibilidades para um problema, pensamento, ideologia, sendo que todas são válidas e pertinente. Determinação não é ter certezas de todos os aspectos, mas escolher uma opção tendo em conta todos os defeitos, e fragilidades da mesma. Um ponto de vista é apenas a vista a partir de um ponto.

Luís Vasconcelos

Nenhum comentário:

Postar um comentário